22 de abril de 2015

Sanepar frustra trabalhadores com negociação fraca

A terceira rodada de negociação salarial com a Sanepar, realizada no dia 17 de abril, frustrou os representantes dos sindicatos do Coletivo Sindical. O diretor administrativo Francisco Farah apresentou uma proposta com melhorias apenas no vale alimentação e no abono salarial. Nada de aumento real. O diretor voltou a dizer que as condições econômicas da empresa se agravaram com a queda do consumo registrada nos três primeiros meses de 2015.

Farah admite que a proposta é “acanhada”. E ele próprio afirma que o valor que a empresa oferece de reajuste para o vale alimentação e para o abono se equivale ao valor que é pago aos consultores estratégicos da empresa. Ou seja, o mesmo valor dos salários pagos às 44 pessoas contratadas sem concurso público, que recebem o mesmo que o reajuste que será dado para mais de 7 mil funcionários.

Entre esses consultores estão políticos que perderam seus mandatos, e ex-funcionários da prefeitura de Curitiba. A mais nova contratada é Flavia Carolina Resende Jaber Francischini, mulher do secretário de Segurança, Fernando Francischini. Apesar de nomeada no dia 23 de março, com um salário de R$ 13.396,59, ela deixou de vir à empresa imediatamente depois da contratação para passear com os filhos na Disney.

Vamos avaliar os números do governo Beto Richa, entre 2011 e 2014. Segundo o Dieese, houve avanços significativos dos indicadores econômicos, financeiros e operacionais da Sanepar.

O que mostram os números: 

  • O lucro aumentou 211% nesse período
  • A receita operacional líquida aumentou 76,62%
  • E o reajuste tarifário foi de quase 75%, bem maior do que qualquer índice de inflação e bem menor do que os reajustes dados aos funcionários da Sanepar.

O que a empresa alega para não dar aumento real:

  • Basicamente o aumento dos gastos com pessoal, com energia elétrica e com produtos químicos;
  • Porém, se tomarmos por base apenas a energia elétrica, considerada pelo diretor administrativo como o ponto econômico mais sensível, vemos que não há justificativa para tanto alarde;
  • Em 2013 o governo federal baixou em 30% o valor da tarifa da energia elétrica, isso significa que o tão falado aumento do valor atual da tarifa não é tão significativo assim. Os  50%, na realidade, significam algo em torno de 15% nas contas da Sanepar, bem menos do que é falado pela empresa.
  • Essa redução da tarifa da energia não trouxe nenhuma vantagem para os trabalhadores da Sanepar nem em 2013 nem em 2014. Por que não foi dado um reajuste proporcional para os saneparianos naquela ocasião? Ficamos sempre com o ônus, nunca com o bônus.

E ainda:

A proposta de reajuste do vale alimentação, de 10,38%, está abaixo do valor medido da cesta básica em Curitiba, estudo feito pelo Dieese, que registrou um reajuste de 16,41%. Já o gasto do trabalhador com alimentação fora de casa ficou em 12,66%.

 A Sanepar alcançou, graças ao trabalho dos saneparianos, o melhor índice de perdas da sua história, de 5%, um dos melhores do pais. Nada disso será revertido para nenhum de nós.

Recentemente os funcionários da Compagás rejeitaram uma proposta de acordo coletivo da empresa muito parecida com a da Sanepar.


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